Entrevista para Zine RS (edição número3)
1. Nome completo e idade
Eduardo Gomes da Silva, 27 anos
2. Apelido ou nome artístico.
Tamborero
3. Grupo ou banda que faz ou fez parte.
Preconceito Zero
4. Como começou no hip hop
Comecei no Hip Hop através da dança, o popular break, mais a minha especialidade era o popping e o b.boyng, foi uma epoca em que a dança era o combustível do Hip Hop.Era um momento que pra mim o mais importante porque todos eram Hip Hop não tinha artistas famosos e todos militavam por este movimento cultural, lembro dos passos de Maicon Jackson, os Jackson, Kool de Gang.
5. Quem ou o que te inspirou a entrar para o hip hop?
A necessidade de expressar o sentimento de comunidades sem perpectivas de vida,sem infra estrutura, sem acesso a informação,e quem me inspirou foi o movimento dos anos 70 e 80 nos guetos norte americanos, com lutas travadas pela igualdade racial e social pelos panteras negras e comunidade Hip Hop da epoca: expirações Kool Herc, Gil Scott Heron,Stive Bico, Public Enemy e o grande África Boombataa.
6. Como está, na tua opinião, está a cena hoje aqui no estado e no país
A cena hoje é grande de mais, mais falta em alguns lugares organização, o Hip Hop cresceu de mais e com isso fez com que a cultura virasse papel de parede, onde todo mundo toca. Mais vejo que conquistamos muitos espaços a nível nacional e estadual, temos rádios, tv, sites zines, enfim uma pá de ferramentas que nos leva a ser o maior fenonemo cultural das ultimas décadas.Logico internamente temos que nos auto-organizarmos pra colocar pra fora um Hip Hop que sabe ok quer.
7. Como estava a cena aqui no estado quando tu começou?
Era uma cena pequena, mais organizada, tínhamos os focos de resistência e a cultura era transformadora, tínhamos os encontros na andradas, aqui em Novo Hamburgo rolava as rodas de B.Boy na praça da frente do Shopping. O conteúdo das próprias letras de rap era mais contestualizadora.
8. Compara, na tua opinião, como estava a cena no ano que iniciaste e agora (no nosso estado). Quando iniciei exatamente em 1990 a cena era outra talvez porque os sonhos era outros, mais sempre falo que tinhamos mais unidade na luta, lógico que ok plantamos foi algo pras futuras gerações, agora acho que tudo se tem um inicio e pra mim que participei não exatamente do inicio mais me considero um precursor desta cultura Hip Hop tenho orgulho em ver hoje vários guri e gurias mandando ver em um dos elementos, hoje a cena é mais forte que antes mais sem unidade é cada um por si, quero comparar no tempo que começamos tinha quase todo final de semana um festival de Hip Hop, lembro e tenho saudades do festival Gás rap total, festival na praça coração de Maria em Esteio entre outros. Hoje que unida constrei junto sem a visão capitalista que se mandei é o Novo Hamburgo é o Alvo que vai pra sua 7° edição este ano. Então a cena é outra, ate porque o sistema oferece o que a gente na pode comprar e o Hip Hop não vai ser diferente porque é feito por pessoas.
9. O rap hoje mudou bastante, outros estilos surgiram, e não se fala só de violência, da quebrada e de questões sociais e românticas como o charme e o soul. Mas se fala muito de sexo, de balada, de mulher o que acham disso? O rap perde ou ganha?
Na minha opinião o rap é uma ferramenta a mais que os(as) periféricos tem na mão, pra protestar, reivindicar e falar de sentimentos. Mais isso não vende, daí existe um sistema capitalista pronto pra corromper os movimentos. E na minha opinião em todo trampo existe o bom e o mal profissional, e quem faz rap de balada, de sexo não preventivo e sim de turpaçao do corpo da mulher está no movimento errado simplesmente trabalhando a favor do sistema que escraviza, humilha e mata. Com isso o rap perde e a periferia também porque são menos lutadores e mais corrompidos, pelo tigre de papel.
10. Tu acha que o hip hop tem ainda um papel político?
Sim, a luta pelo socialismo arre cem começou, ficamos anos lutando por isso, por distribuição de renda, por melhores condições de vida e agora que conquistamos pelo menos as atenção de alguns setor, temos que continuar firme na trincheira.
11. Como tu vê o papel dos produtores no rap hoje? Um trabalho que indiscutivelmente tem se destacado no hip hop, tu acha que isso é uma tendência? Qualquer mc pode se tornar produtor? O que precisa um bom produtor?
Acho que é um papel importante, ate porque antigamente produzíamos com uns caras que era de outros estilos musicais e o barato fica meia boca, agora duns tempos pra cá temos os nossos produtores. Via de regra os produtores podem ser sim mc´s ou dj´s porque estão sempre ligados nas novas tendências da musica, agora pra ser um bom produtor tem que ter ouvido, ritmo, sintonia e também um barato que é divino que é Dom.
12. Os estúdios que envolvem trabalhos com rap precisam ter alguma característica diferenciada? Qual a vantagem se gravar em um estúdio especializado no rap? Ou isso é indiferente? Existe diferencia sim, é a mesma coisa que vc querer dançar forro e vc só freqüenta balada de musica eletrônica, os estúdios que trabalham com o rap são produtores que acompanham as novas tendências do rap mundial e da musica em geral, então o grupo por exemplo: que não tem muita experiência em estúdio vai poder produzir sossegado porque tem um produtor do rap que não quer ver o estilo que ele faz parte ou contribui com uma baixa qualidade.E lembro de uma frase do Edinho do Dkebrada, “que cada musica produzida por mim que sai pra rua é um filho meu”... Então a diferença está ai, na participação e na sensibilidade.
13. Como está hoje o mercado do rap no que diz respeito a shows e festas?
Olha na verdade pros famoso do rap está fraco os shows são muito caro e o ingresso tem que ser caro ai o acesso fica dificultoso pra periferia ir.Mais o Preconceito Zero participa mais do mercado alternativo que não os grandes palcos, grandes infra-estrutura e sim aqueles shows nas vilas nas periferias né, tenho dito que aqui a cena cada vez cresce mais, porque trabalhamos com projeto dês dos shows as festas, e estamos obtendo muitos resultados positivos,(a parada fica mais organizado).
14. Por que os eventos que trazem artistas de fora lotam e os que trazem as atrações do estado não, mesmo o RS sendo uma referência de hip hop para o resto do país?
Tem um velho ditado que santo de casa não faz milagre, já estive em vários estados do Brasil e em outros lugares é também assim santo de casa não faz milagre, então é uma coisa meio que geral e também o eixo Rio-São Paulo a cultural Hip Hop é mais visível, porque está tudo próximo. Mais por exemplo aqui na minha cidade Novo Hamburgo, realizamos pela Associação de Hip Hop Vale do Sinos no dia: 10 de dezembro o 6° festival Hip Hop NH é o Alvo só com atrações do RS e o publico estimado foi de 4 mil pessoas segundo o jornal NH.
Então acho que a essência de um bom evento está na organização.
15. A organização de eventos seria uma forma de conquistar estes espaços?
Com certeza a melhor forma
16. E a Internet? Seria um novo espaço a ser explorado como maneira de divulgação dos trabalhos? Como usar (sites, my space, orkut, falar das suas experiências a respeito desses espaços e se funcionaram)
È um novo espaço sim, só que é ainda restrito pra classe que convivo, ainda não chegou na mão de todos(as) estes espaços, mais tem me servido muito na busca de conhecimento, mais tenho cuidado porque vc busca informação fácil e com isso pode se acomodar e ficar sem ler livros, agora é muito rápido, vc manda um e-mail lá pro outro lado do mundo e rapidão a pessoa recebe e o barato é loco.Então temos que divulgar nossas paradas na internet. E já tive vários contato pela internet e resultado são positivos.
17. Como tu vê o futuro da nossa cena?
Sem organização não terá futuro.
18. Quais as dificuldades que tu viu desde o teu início?
São muitas, porque no brasil já difícil ser negro que dirá negro e cantor de rap, que usa boné e calça larga, mais a maior dificuldade que se tem ate hoje é a ignorância que está nos matando com a droga que é imposta pelo sistema e a gente não se defende, só participa.
19. Um acontecimento marcante nesta caminhada que tu acha que tenha sido decisivo para a formação da cena gaúcha? Foi quando o Hip Hop passou a ser o movimento da massa oprimida, isso foi no final dos anos 80, não participei desta epoca mais pesquiso e escuto os mais velhos e foi ai que este movimento saiu dos guetos das vilas e disse estamos aqui e queremos o que é nosso por direito.
20. Na tua opinião qual o principal problema, ou dificuldade, hoje no hip hop do estado? È a falta de organização de alguns setores do Hip Hop que ainda não perceberam que é o que precisamos.
21. E o que a nossa cena tem de melhor?
Poxa a nossa originalidade gaúcha e o compromisso social que o Hip Hop do Rs tem.
22. Tu acredita num “movimento hip hop”?
Sim sempre acreditei o dia que não acreditar paro com tudo e vou seguir minha vida,
E tem mais acredito num movimento sócio-cultural.
23. Considerações finais....
Passamos pela fase da plantação, agora estamos regando, daqui alguns anos vamos colher os frutos desta cultura chamada Hip Hop, ai gostaria de agradecer o convite feito pelo Zine Rs e dizer que estamos sempre a disposição, pro que precisar.
Família Preconceito Zero.
1 comment:
vamos nos falando negão
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